Peugeot 208 Hybrid GT T200 AT 2026

Por Marcus Lauria (texto e fotos)

O Peugeot 208 tem uma trajetória sólida no Brasil e no mundo. Originalmente lançado na Europa em 2012, ele chegou ao mercado brasileiro em 2013 como substituto natural do 207, marcando uma guinada para a Peugeot no segmento de hatches compactos “premium”. A sua produção local no Brasil, na fábrica de Porto Real, começou justamente para reforçar a presença da marca no país. Com o passar dos anos, o 208 consolidou-se como um modelo de destaque, tanto pela sua proposta mais refinada quanto por sua dinâmica urbana, recebendo elogios em pesquisas de satisfação.

CONFIRA O VÍDEO: https://youtu.be/koClvH-WbIA

Na sua geração atual, que começa na linha 2025, o 208 foi reestilizado para harmonizar com a nova identidade visual da marca, trazendo a versão GT Hybrid, que tive a oportunidade de testar. Essa versão híbrida é a mais atual da gama, enquanto as demais continuam oferecendo diferentes opções: há a Style com motor aspirado 1.0 Firefly, e as versões intermediárias Active e Allure equipadas com o motor Turbo T200 sem a opção híbrida.

Externamente, o 208 GT Hybrid revela um design moderno e marcante: os faróis full-LED com assinatura luminosa em “garras de leão” remetem à nova identidade da Peugeot, a grade é na cor da carroceria, e as rodas diamantadas de 17″ reforçam a esportividade. A traseira segue a mesma linha de refinamento, com lanternas em LED que se estendem horizontalmente e linhas bem trabalhadas, conferindo ao hatch um perfil fluido e compacto.

No interior, o 208 híbrido mantém o conceito “i-Cockpit” da Peugeot, com volante pequeno e esportivo — revestido em couro com costuras contrastantes — e um painel 3D de 10″ que mostra o fluxo de energia, o estado de carga da bateria e outros dados do sistema híbrido em tempo real. No entanto, dependendo do ângulo que você usa a posição do volante ele acaba escondendo partes do painel digital, obrigando você a se “esticar” para conseguir enxergar todas as informações.

A central multimídia é a Peugeot i-Connect Advanced de 10,3″, com conectividade sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. Já o porta-malas tem 311 litros de capacidade, bem razoável para o seu porte de carro hatch. O acabamento agrada: há pedais de alumínio, detalhes “carbon style”, maçanetas cromadas e iluminação interna em LED, conferindo um ambiente mais sofisticado. Para quem vai atrás o conforto é prejudicado, pois o espaço é bem pequeno e ruim para pessoas mais altas.

Quanto a equipamentos de série, a versão GT Hybrid já vem bem equipada: inclui carregador por indução para smartphone, câmera traseira com visão de 180°, sensores traseiros, multimídia 10,3″, e a bateria de 12 V do sistema híbrido.

Além disso, há uma linha de acessórios Mopar homologados para essa versão: entre eles barra de teto, frisos laterais, alarme volumétrico, protetor de soleira, organizador de porta-malas, projetor de logo Peugeot (“Face Lion”), entre outros. A lista de opcionais não deixa claro preços individuais para muitos itens, mas a gama Mopar acrescenta bastante versatilidade ao modelo.

Em termos de cores, a marca oferece o Branco Nacre, Preto Perla Negra (R$ 2 mil) e Cinza Selenium (R$ 2 mil) para a versão GT Hybrid. Quanto ao preço, oficialmente o GT Hybrid parte de R$ 134.990. No entanto, há relatos de “condições especiais de venda direta” que trazem esse valor para R$ 126.990.

Por exemplo, dados da K.Lume Consultoria indicam que de janeiro a agosto de 2025 o 208 vendeu apenas 5.817 unidades no Brasil. No primeiro trimestre de 2025, segundo a Peugeot, o modelo contribuiu para um crescimento de 2% das vendas da marca. Sobre vendas históricas no Brasil, na geração anterior há dados que mostram quedas: por exemplo, em 2019 foram emplacadas 5.608 unidades.

Concorrentes e posicionamento

Os principais concorrentes diretos do 208 GT Hybrid incluem hatches compactos bem estabelecidos, ainda que não híbridos, como o Hyundai HB20 e o Volkswagen Polo. Ao comparar:

O Hyundai HB20 segue com versões 1.0 aspiradas e turbo. A versão Platinum Safety 1.0 TGDI AT, topo de linha, é citada com preço de R$ 122.290 para a linha 2025.

O Volkswagen Polo 2025 também apresenta várias versões, sendo que a versão TSI (1.0 turbo) automática tem preço de R$ 103.990 conforme a VW.

Esse posicionamento mostra que o 208 GT Hybrid, na faixa de R$ 127 mil com desconto, concorre com hatches turbo premium “convencionais”, mas com um argumento adicional: a eletrificação leve, que traz economia e eficiência. No entanto, ao comparar com concorrentes mais baratos (sem híbrido), a Peugeot precisa compensar a diferença de custo para convencer parte do público.

Sobre vendas, não há dados públicos robustos recentes (até novembro de 2025) que indicam um grande salto nas vendas do 208 Hybrid especificamente. Isso sugere que, mesmo com os incentivos da campanha, o modelo híbrido pode ainda estar em fase de maturação no mercado brasileiro, enfrentando o desafio de educar compradores sobre o benefício da tecnologia leve (MHEV) e justificar o premium em relação às versões turbo tradicionais.

Falando da parte mecânica, o motor do 208 GT Hybrid é o 1.0 Turbo “T200” flex, de três cilindros, que entrega até 130 cv e 200 Nm de torque combinado com o sistema híbrido de 12V (BSG + bateria de lítio), segundo a Peugeot.  A transmissão é uma automática CVT com simulação de sete marchas virtuais, projetada para manter o motor em regimes eficientes e aproveitar o suporte elétrico nas arrancadas e retomadas.

A suspensão dianteira é do tipo pseudo-McPherson com molas helicoidais, amortecedores a gás e barra estabilizadora; atrás, uma configuração de travessa deformável com molas helicoidais. Segundo a ficha técnica, o peso é de cerca de 1.167 kg para a versão GT Hybrid, segundo a Peugeot.

No consumo, há ganhos urbanos com o sistema híbrido: de acordo com dados do PBEV, o 208 GT Hybrid faz 13,0 km/l na cidade (gasolina) e 9,1 km/l com etanol, enquanto no ciclo rodoviário registra 13,8 km/l gasolina e 9,6 km/l etanol.

Quanto à impressão ao dirigir, na cidade o 208 GT Hybrid transmite uma sensação mais suave nas arrancadas, graças ao motor elétrico de apoio, e as paradas são mais silenciosas e confortáveis por causa do sistema “Advanced Start & Stop”. Há também regeneração de energia nas frenagens (e-Braking) e nas desacelerações (e-Coasting), o que torna o uso urbano mais eficiente sem interferir no estilo de dirigir. Já na estrada, o CVT simulado em 7 marchas ajuda a manter o motor em regime ideal, embora em altas velocidades o comportamento possa apresentar o tradicional “assobio” ou leve falta de resposta típica de transmissões contínuas, especialmente se comparado a transmissões automáticas mais esportivas ou manuais. A suspensão é bem calibrada para um hatch compacto: absorve bem irregularidades sem sacrificar a estabilidade nas curvas, e o comportamento geral é ágil, com o peso relativamente contido.

Em conclusão, o 208 GT Hybrid representa um passo interessante da marca no sentido de trazer eletrificação leve para o segmento B-Hatch. Ele combina um motor turbo potente com um sistema híbrido 12 V que oferece ganho de eficiência sem complicar a vida do motorista, mantendo a usabilidade cotidiana. O design renovado, os equipamentos tecnológicos e a sofisticação interna reforçam a proposta premium dentro de seu segmento.

No entanto, os números de vendas e os descontos observados sugerem que convencer o público brasileiro a adotar essa versão ainda é um desafio comercial — especialmente quando concorrentes tradicionais têm estrutura de vendas mais consolidada. Para quem valoriza inovação, economia urbana e um hatch com personalidade, o 208 GT Hybrid pode ser uma escolha muito sólida; mas para compradores mais pragmáticos ou centrados em preço, outras opções ainda podem pesar mais.

*FICHA TÉCNICA:

Motor: Turbo 200 Hybrid

Posição: Transversal

Número de cilindros: 3

Diâmetro x curso: 70.0 x 86.5 mm

Cilindrada total: 999,0 cc/ / 333,0 cc

Taxa de compressão: 10,5 : 1

Potência: 125 cv (gasolina) / 130 cv (etanol) a 5.750 rpm

Torque: 200 NM /1.750 rpm

Nº de válvulas por cilindro: 4

Comando de válvulas: no cabeçote, acionamento por corrente, variável na admissão

Injeção: eletrônica

Combustível: Gasolina/Etanol

Bateria

Tipo: íon-lítio

Posição: abaixo do banco

Tensão: 12 V

Transmissão

Câmbio automático, CVT (Continuamente Variável), com 7 marchas emuladas no

modo Manual – Variável no modo Automático

Relações de transmissão:

1ª 2,27

2ª 1,60

3ª 1,20

4ª 0,94

5ª 0,74

6ª 0,58

7ª 0,46

Ré: entre 2,60 e 0,416

Diferencial: Incorporado a caixa de câmbio

Tração: Dianteira com juntas homocinéticas

Sistema de freios

Dianteiro: Disco ventilado (283 x 26 mm) com pinça flutuante e cilindro de comando

Traseiro: Tambor 8” (20,6mm)

Suspensão dianteira

Tipo: McPherson com rodas independentes

Amortecedores: Hidráulicos telescópicos de duplo efeito e pressurizados a gás

Elemento elástico: Molas helicoidais

Suspensão traseira

Tipo: Deformable

Amortecedores: Hidráulicos de duplo efeito

Elemento elástico: Molas helicoidais

Direção

Assistência: elétrica de série com pinhão e cremalheira

Diâmetro mínimo de curva: 10,2 m

Rodas

Medidas: 17” liga-leve

Pneus: 215/60 R17

Peso do veículo

Em ordem de marcha: 1.174 kg

Capacidade de carga: 400 Kg

Dimensões externas/capacidades

Comprimento: 4.053 mm

Largura da carroceria: 1.740 mm (s/espelhos) 1965 (c/espelhos)

Altura do veículo: 1.470 mm

Distância entre eixos: 2.542 mm

Altura mínima do solo: 174.7 mm

Volume do porta-malas: 304 litros

Tanque de combustível: 47 litros

Performance

0 a 100 km/h: 9s (gasolina) / 8,6s (etanol)

Velocidade máxima: 203 km/h (gasolina) 205 km/h (etanol)

Consumo PBEV

Urbano: 13,0 km/l (gasolina) / 9,1 km/l (etanol)

Estrada: 13,8 km/l (gasolina) / 9,6 km/l (etanol)

*Dados do fabricante

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