“Tijucas tem tudo o que precisa para se tornar um polo náutico de referência nacional”, afirma especialista no setor

Cidades que se voltam para as águas costumam registrar saltos significativos em desenvolvimento urbano, geração de empregos e valorização imobiliária. A avaliação é de Mané Ferrari, presidente da ACATMAR (Associação Náutica Brasileira), entidade com mais de 15 anos de atuação no fomento ao setor náutico no estado. Segundo ele, um exemplo dessa transformação é o município de Itajaí — que ao investir em infraestrutura voltada ao mar e ao rio, atraiu estaleiros internacionais, se consolidou como sede de grandes eventos náuticos e viu o valor do metro quadrado disparar, principalmente, nas áreas próximas à marina.

Para Ferrari, Tijucas reúne todos os elementos naturais e geográficos para seguir o mesmo caminho. “Tijucas tem tudo para se tornar um polo náutico de referência nacional. Localização privilegiada, rios navegáveis, acesso ao mar, proximidade com aeroportos e atrativos turísticos. O que falta é um conjunto de investimentos públicos e privados voltados ao desenvolvimento do setor e à retomada de um planejamento já existente”, afirma.

Com cerca de 51 mil habitantes e posicionada entre os aeroportos de Navegantes e Florianópolis, Tijucas é cortada pelos rios Tijucas e Oliveira e possui acesso direto à costa. A cidade também está próxima de áreas procuradas por navegadores e turistas, como Ilha do Arvoredo, Tinguá e Caixa d’Aço. Apesar disso, ainda não estruturou sua vocação náutica de forma sistemática ou integrada ao planejamento urbano.

Planejamento técnico já existe — e é pioneiro

Essa estrutura, no entanto, já foi desenhada. Em 2013, Tijucas se tornou um dos primeiros municípios do país a desenvolver um plano diretor náutico, focado no ordenamento da navegação e no aproveitamento estratégico dos recursos hídricos. No ano seguinte, um anteprojeto chamado Città del Mare foi apresentado no Salão Náutico de Gênova, na Itália, com proposta de revitalizar todo o entorno do Rio Tijucas, incluindo marinas, estaleiros, universidade náutica e espaços públicos integrados à paisagem fluvial.

“O projeto nasceu a partir de uma visita técnica de um arquiteto italiano, que se encantou com o rio. Ele doou o conceito à cidade, apresentamos ao poder público, realizamos um festival náutico que levou mais de cinco mil pessoas à beira do rio em um único fim de semana. O interesse da população e do setor estava lá. Faltou continuidade com as pessoas certas e capazes de transformar a cidade de “frente para o seu rio”, relembra Ferrari.

Reforçando esse movimento, a cidade também registra avanços no setor público. Recentemente, a prefeitura protocolou o pedido de licenciamento ambiental para as obras de dragagem e construção de molhes na foz do Rio Tijucas, projeto aguardado há mais de 20 anos e que deve impulsionar a segurança náutica, o turismo e a revitalização da orla.

Empreendimentos privados reacendem conexão com o rio

Agora, com o avanço de projetos da iniciativa privada, a reconexão com o rio começa a ganhar corpo. Um exemplo é o Rio Parque, novo empreendimento urbano de uso misto que nasce com a proposta de resgatar o protagonismo das águas na vida da cidade. Localizado às margens do Rio Tijucas e Oliveira, o projeto aposta em um modelo de urbanismo integrado à natureza, com áreas de moradia, lazer e comércio pensadas para conviver com o ambiente fluvial.

“O Rio Parque foi concebido com a premissa de valorizar o território. Mais do que erguer construções, buscamos criar um espaço que respeite a geografia local e que promova uma nova forma de viver a cidade, mais integrada com o rio e com a paisagem”, afirma Ricardo Laus, diretor da Novo Ambiente Urbanismo. “Acreditamos que Tijucas pode resgatar sua relação histórica com as águas e, a partir disso, impulsionar desenvolvimento urbano, qualidade de vida e valorização imobiliária.”

Com previsão de lançamento ainda este ano, o Rio Parque será implantado em uma área de 460 mil metros quadrados, equivalente a cerca de 65 campos de futebol. O projeto propõe um novo modelo de ocupação urbana, com foco na integração entre infraestrutura, meio ambiente e qualidade de vida.

A fase inicial tem previsão de entrega em 30 meses, enquanto a etapa seguinte está prevista para ser concluída em 2030. Entre os diferenciais do empreendimento estão o cabeamento 100% subterrâneo, ruas arborizadas, infraestrutura moderna para drenagem eficiente e uma via-parque linear que acompanha o leito do rio, promovendo mobilidade, lazer e contato com a paisagem natural.

About admin

Missão Para isso, também pretente contar com a ajuda indispensável dos leitores. Seja com críticas ou sugestões, esse é um canal aberto onde quem manda é quem acessa, simples assim. Descrição O site da Revista Torque foi criado com a missão de levar aos leitores a mais completa informação on-line sobre carros, motos e tudo mais, no Brasil e no mundo.

Deixe um comentário