Honda ZR-V 2.0 Touring CVT 2025

Por: Arnaldo Bittencourt, Carpoint News

Muitos dizem que o ZR-V é o “fracasso da Honda no Brasil”, mas depois de testá-lo a fundo, discordo completamente. Aqui eu explico por que o ZR-V é um dos melhores SUVs quem já dirigi, e qual foi o verdadeiro vilão de sua história.

Quando tive a oportunidade de gravar a avaliação do Honda ZR-V, minha principal motivação foi responder a uma pergunta que eu ouvia por aí: “o carro foi um fracasso da Honda?”. Depois de passar um tempo com ele, testando-o na cidade e na estrada, minha resposta é um sonoro “não”. O carro, como produto, é excelente. O que fez o carro vender pouco, na minha opinião, foi um erro grave de estratégia de preço no lançamento.

CONFIRA O VÍDEO: https://youtu.be/su-yjHkfY4A?si=cXkwW790GhoIm7B8

Neste artigo, vou destacar as muitas qualidades do ZR-V que ficaram ofuscadas pelo alto preço cobrado pela Honda no lançamento do carro. Quero compartilhar aqui a minha experiência real, os pontos que me impressionaram, os detalhes que me incomodaram e, ao final, dar o meu veredito sincero sobre se, com o preço atual, o ZR-V finalmente se tornou a compra inteligente que deveria ter sido desde o início.

Design Exterior: Bonito, Imponente e com um Alerta

Vamos começar pelo visual. Do meu ponto de vista, a Honda acertou em cheio no design do ZR-V. Eu, particularmente, achei o carro muito bonito, especialmente na cor testada. Ele tem uma frente imponente, um porte elegante e um conjunto de luzes todo em LED que funciona muito bem. Não é um design que grita por atenção, mas que transmite qualidade e sofisticação.

As rodas de 17 polegadas com pneus 215/60 mostram uma preocupação clara com o nosso asfalto, priorizando o conforto, algo que confirmei ao dirigir. É um carro que roda macio e silencioso.

Mas nem tudo é perfeito, e na minha análise, apontei um detalhe que me preocupou bastante na traseira. E faço questão de repetir aqui: o para-choque fica perigosamente próximo da tampa do porta-malas. Eu alertei no vídeo que fiz do ZR-V e reforço aqui no artigo: “qualquer batidinha na traseira, já amassa a tampa do porta-malas”. É uma falha de projeto que pode transformar um “pequeno empurrão” de trânsito em uma dor de cabeça e um prejuízo considerável. 

Por Dentro do ZR-V: A Cabine Nota 10 e Minhas Impressões ao Volante

Se por fora o ZR-V já me agradou, foi ao entrar na cabine que ele me ganhou de vez. É aqui que o carro se diferencia da concorrência e justifica seu posicionamento.

Acabamento e Minhas Observações de Uso

Pessoal, o interior deste carro é um espetáculo. Sem medo de errar, dou nota 10 para o acabamento do painel. É couro, material macio ao toque e um cuidado na montagem que a gente percebe em cada detalhe, como na charmosa grade em colmeia que esconde as saídas de ar. O teto solar agrega um charme especial ao visual. A sensação de qualidade no interior do ZR-V Touring é muito alta.

Claro, usei o carro no dia a dia e alguns detalhes me chamaram a atenção. Notei que só os vidros dianteiros são do tipo “um toque”. O banco em couro é ótimo, mas senti falta de um sistema de saída de ar condicionado nos bancos, um item que seria bem-vindo pelo preço.

Preciso ser muito sincero sobre o carregador de celular por indução: para mim, não foi eficiente, e eu acabei desativando. Meu celular iniciava e interrompia a recarga a todo instante. É um recurso que, na prática, não funcionou como deveria durante o teste. Esse problema não é exclusivo do ZR-V, é importante ressaltar. Não sou muito fã desses carregadores por indução, confesso.

O espaço no banco traseiro é outro ponto que me impressionou positivamente. É gigante! Mesmo com o banco da frente todo para trás, sobrou muito espaço para os meus joelhos. A única falha grave ali, na minha opinião, é a Honda não ter colocado uma saída de ar-condicionado para os passageiros de trás.

Minha Experiência ao Dirigir

Agora, vamos ao que mais importa para mim: como ele anda. A primeira coisa que senti foi uma enorme solidez na construção. O carro é rígido, bem plantado no chão. E o volante? Fantástico. A sensação que tive, e que descrevi no vídeo, é de uma “ligação direta com o solo”. A direção é precisa, comunicativa, e a suspensão independente multilink na traseira faz um trabalho primoroso. É um SUV que tem a dirigibilidade refinada de um excelente sedã, muito parecido com o Civic. Para quem gosta de dirigir, como eu, isso é uma ótima notícia.

Motorização, Tecnologia, Segurança e o Porta-Malas (o Calcanhar de Aquiles)

Analisando o conjunto mecânico e tecnológico do ZR-V Touring 2025, vemos as escolhas e prioridades da Honda.

O Desempenho do Motor no Meu Teste

Muita gente torce o nariz para o motor 2.0 aspirado em um mundo de turbos. Na prática, o que eu posso dizer a vocês é que ele dá conta do recado com sobra. No meu teste na cidade, achei o carro bem “esperto”. O câmbio CVT da Honda é um dos melhores do mercado e trabalha em perfeita harmonia com o motor. Para o uso normal, em família, e até para pegar uma estrada, o desempenho é mais do que adequado. Não espere uma aceleração de esportivo, mas também não vai faltar força para uma ultrapassagem segura.

Minha Opinião Sobre a Multimídia e Conectividade

Vamos falar de um item que usamos o tempo todo: a central multimídia. E aqui, tenho elogios e uma crítica clara. Preciso dizer que a tela me agradou muito. A definição da imagem é excelente, as cores são vivas e a resposta ao toque é rápida e precisa. O sistema de som que equipa a versão Touring também é de boa qualidade, bastante competente para o uso diário e para ouvir uma boa música na estrada.

Onde eu acho que a Honda vacilou, e fiz questão de pontuar isso, foi na conectividade. Em um carro que beira os R$ 200 mil, ter Apple CarPlay e Android Auto apenas via cabo USB é um deslize. A maioria dos concorrentes diretos já oferece a conexão sem fio. Claro, como eu mesmo comentei na gravação do vídeo, isso é algo que você pode resolver facilmente com um adaptador de R$ 300 comprado na internet, mas é um detalhe que, na minha opinião, deveria vir de fábrica.

Segurança de Primeira Linha: Honda Sensing e 8 Airbags

Um ponto que, para mim, é inegociável em um carro familiar é a segurança. E aqui, preciso tirar o chapéu para a Honda, pois o ZR-V não faz concessões. O pacote Honda Sensing, que vem de série, é realmente completo. No meu uso, o piloto automático adaptativo (ACC) funcionou muito bem, tanto na estrada quanto no trânsito mais pesado, trazendo muito conforto e confiança. O assistente de permanência em faixa também é um grande aliado para evitar distrações. São tecnologias que realmente fazem a diferença e podem evitar acidentes.

Além disso, continuo achando o sistema LaneWatch, aquela câmera no retrovisor direito, uma sacada genial e muito útil para eliminar pontos cegos. E para completar, temos a segurança passiva. O ZR-V vem com oito airbags, e esse número é importante porque inclui os airbags de joelho para motorista e passageiro, um diferencial que nem todos os concorrentes oferecem e que mostra uma preocupação extra com a proteção dos ocupantes em caso de uma colisão mais grave. Nesse quesito, minha opinião é que ele se posiciona como um dos mais seguros da categoria.

O Calcanhar de Aquiles: Porta-malas e Estepe

Agora, vamos ao ponto que, na minha opinião, é o maior ponto negativo do carro e que pode, sim, ser um impeditivo para algumas famílias. O porta-malas. Os 389 litros são um ponto fraco, não há como negar. Como eu disse no vídeo, “poderia ser maior”. Para quem tem filhos pequenos ou viaja muito com bagagem, esse espaço limitado é algo a se pensar seriamente.

Para piorar a situação, temos no porta-malas o estepe de uso temporário. A famosa “rodinha menor”, que te obriga a rodar devagar e por uma distância curta, é algo que eu considero um incômodo e uma economia desnecessária em um carro deste valor, especialmente no Brasil.

Preço, Rivais e a Minha Conclusão Sobre o Honda ZR-V

Chegamos ao ponto central: como o ZR-V se encaixa no mercado e se ele vale o seu dinheiro. E por que um SUV com tantas qualidades não decolou em vendas?

O Preço Era o Vilão, e Agora?

Depois de analisar cada detalhe, minha conclusão é simples e direta: o grande problema do ZR-V não foi o carro, mas sim o seu “preço inicial muito elevado”. Lançá-lo por R$ 214.500 foi um erro que o colocou para brigar em um território onde os concorrentes ofereciam motores turbo, tração 4×4 ou motorização híbrida. A conta simplesmente não fechava para o consumidor.

Agora, a história é outra. Com o preço reposicionado para cerca de R$ 189.000 (podendo baixar para R$165.000 em algumas concessionárias), a conversa muda completamente. Eu considero este um “preço mais atraente” pelo excelente produto que é o ZR-V. Nesta nova faixa, seu custo-benefício se torna muito mais atraente e ele passa a ser uma opção real e muito interessante.

Colocando Lado a Lado: O ZR-V Contra Seus Rivais

Para entender o posicionamento do ZR-V no mercado nacional, é fundamental compará-lo com seus maiores rivais, especialmente o Jeep Compass e o Toyota Corolla Cross. No meu ponto de vista, é uma briga de propostas distintas.

  • Contra o Jeep Compass: O Compass (nas versões T270) agrada pelo motor turbo-flex, que entrega mais torque em baixa rotação, e pela sensação de robustez. Mas, na minha opinião, quando você sai do Jeep e entra no ZR-V, a percepção de qualidade no acabamento e o esmero na montagem são visivelmente superiores no Honda. A dirigibilidade do ZR-V também me parece mais refinada e agradável, mais “carro”, enquanto o Compass tem uma pegada mais tradicional de “SUV”.
  • Contra o Toyota Corolla Cross: Aqui a briga é entre prazer ao dirigir e eficiência. O Corolla Cross tem o trunfo imbatível das versões híbridas, que entregam um consumo de combustível espetacular. No entanto, na minha experiência, o acabamento do Toyota é bem mais simples e sua condução é mais “anestesiada”, menos envolvente. O ZR-V, com sua suspensão multilink e direção precisa, entrega uma experiência ao volante muito mais prazerosa. Além disso, o freio de estacionamento por pedal do Corolla Cross é uma solução que, para mim, já está ultrapassada.

O ZR-V não ganha em todos os números, mas ele aposta forte em qualidades como o prazer ao dirigir e a sensação de estar em um carro mais “premium” para conquistar seu espaço.

O que mais gostei O que acho que poderia melhorar
✅ Acabamento interno impecável (Nota 10) ❌ Porta-malas de apenas 389 litros
✅ Dirigibilidade fantástica, de sedã ❌ Estepe de uso temporário (“rodinha”)
✅ Espaço traseiro gigante para passageiros ❌ Sem saída de ar-condicionado atrás
✅ Pacote de segurança completo de série (Honda Sensing, 8 airbags!) ❌ Carregador sem fio ineficiente
✅ Construção sólida e rodar confortável ❌ Android Auto e Carplay apenas por cabo

Minha Palavra Final

Então, vale a pena? Na minha opinião, com o preço atual, vale muito a pena, desde que você não tenha um porta-malas gigante como prioridade número um. O ZR-V é um carro para quem entende de carro. Para quem valoriza um acabamento primoroso, uma construção sólida e, acima de tudo, o prazer de dirigir um veículo bem acertado.

E vou encerrar este artigo reafirmando algo que disse no vídeo, uma previsão minha: pela inquestionável qualidade e pela lendária confiabilidade da Honda, eu acredito que o ZR-V será um “campeão de revenda”. Agora que o preço está certo, acho que ele finalmente terá o reconhecimento que sempre mereceu, principalmente no mercado de usados. Um grande abraço e até a próxima!

*FICHA TÉCNICA:

Motorização

Motor 2.0 16V DOHC i-VTEC

Potência (Gasolina) 161 cv @ 6500 rpm

Torque (Gasolina) – 19.1 kgf.m @ 4200 rpm

Transmissão automática do tipo CVT

Direção com assistência elétrica progressiva (EPS)

Tração dianteira

Suspensão dianteira MacPherson

Suspensão Traseira Multi-link

Rodas Liga Leve – aro 17”

Pneus 215/60R17 96H

Estepe temporário T135/90D17 104M

Distância entre-eixos (mm) 2.655

Comprimento (mm) 4.568

Altura (mm) 1.611

Largura (mm) 1.840

Peso em ordem de marcha (kg) 1.446

Volume porta-malas (litros) 389

Tanque de combustível (litros) 53

Ângulos de entrada/saída 16,4° / 20,2°

Altura livre do solo (mm) 177,5

Lanternas traseiras em LED

Luz de placa em LED

Antena tipo Tubarão

Limpador de para-brisa com função intermitente e lavadores integrados

Conjunto óptico Full LED:Faróis e luzes de rodagem diurna

Faróis com acendimento automático (sensor crepuscular) e ajuste elétrico de altura

Chave com função Smart Entry com controle remoto, travamento e destravamento das portas por sensor aproximação na chave e partida do motor à distância

*Dados do fabricante

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