O novo carro de corrida baseado no 911 para as copas e séries monomarca da Porsche passa a se chamar oficialmente 911 Cup. Com isso, a fabricante de carros esportivos com sede em Stuttgart padroniza e simplifica a nomenclatura de seus veículos de competição para clientes. A partir de agora, apenas os modelos destinados a competições multimarcas ou segmentos específicos levarão o sufixo “GT” acompanhado de um número na designação, como é o caso da nova evolução do 911 GT3 R, que também faz sua estreia hoje. O 911 Cup é amplamente derivado dos modelos 911 GT homologados para uso em vias públicas e é produzido ao lado dos veículos de série na fábrica principal da Porsche em Zuffenhausen. Essa estratégia tem se mostrado altamente bem-sucedida: desde o início da produção no fim de 2020, a Porsche Motorsport já fabricou 1.130 unidades do atual 911 GT3 Cup. Ao todo, 5.381 unidades do Porsche 911 foram produzidos como veículos de corrida monomarca.
Carroceria: design adaptado, aerodinâmica aprimorada
O 911 Cup já se diferencia visualmente de seu antecessor, sobretudo pela dianteira, que agora reflete o design do 911 GT3 da geração 992.2. O lábio do spoiler dianteiro passou a ser composto por três partes separadas, permitindo a substituição apenas das seções danificadas em caso de contato, o que também contribui para a redução de custos logísticos e de envio de peças de reposição. A eliminação das luzes diurnas (DRL) atende ao mesmo propósito: em caso de colisão, elas deixam de representar risco aos radiadores posicionados atrás delas e não precisam ser substituídas posteriormente.
Os para-lamas contam com saídas de ar integradas (louvre vents), que auxiliam no escoamento do ar através dos arcos das rodas e aumentam a força aerodinâmica no eixo dianteiro. O mesmo efeito é obtido com o assoalho otimizado aerodinamicamente, que — assim como no modelo de produção — influencia positivamente a dinâmica de condução do carro. Defletores direcionais, posicionados atrás dos arcos das rodas dianteiras, aprimoram ainda mais o fluxo de ar ao longo da dianteira. A interação desses componentes resulta em um eixo dianteiro mais responsivo, especialmente em altas velocidades, permitindo ao piloto posicionar o carro de corrida com maior precisão na entrada de cada curva.
A traseira do novo 911 Cup, com estilo mais agressivo, passou por um redesenho completo. A asa traseira com suportes do tipo “pescoço de cisne” (swan-neck) recebeu uma conexão revisada com os suportes, facilitando o ajuste de posição e o manuseio. A tampa do compartimento do motor também foi amplamente reprojetada. Assim como a maioria dos componentes da carroceria — incluindo as portas —, ela é produzida com mantas de fibra de carbono reciclada combinadas com resina epóxi de base biológica. Recortes provenientes de outros processos de fabricação, por exemplo, são reaproveitados para a produção da manta, uma medida que contribui, entre outros benefícios, para a estabilização dos preços de peças de reposição.
Motor: propulsor de competição ainda mais próximo do motor da linha 911 GT3 de produção
O motor seis cilindros refrigerado a água e de alto giro continua a operar com aspiração natural. O boxer de 4,0 litros, com sonoridade visceral, permanece baseado no propulsor utilizado no Porsche 911 GT3. Em sua versão de corrida mais recente, agora com 382 kW (520 cv), o motor incorpora componentes adicionais do modelo de produção, incluindo corpos de borboleta individuais com fluxo otimizado e comandos de válvulas com tempos de abertura ampliados. Esse projeto elimina a necessidade de uma válvula de borboleta central, o que, por sua vez, permite a instalação de um restritor de ar — exigência para participação em determinados campeonatos de automobilismo. Apesar do ganho de dez cavalos, a vida útil do motor permanece inalterada: uma revisão só é necessária após 100 horas de uso em pista. Para atender às diferentes regulamentações de ruído conforme a categoria, o circuito ou as normas locais, estão disponíveis três sistemas de escape distintos.
Uma embreagem de corrida mais robusta, com quatro discos de metal sinterizado, agora é responsável pela transmissão de potência para a caixa sequencial de seis marchas com engates do tipo dog. Essa atualização permite elevar o regime de rotações do motor, anteriormente limitado a 6.500 rpm em largadas paradas, intensificando ainda mais o impacto sonoro no início das corridas. Também foi introduzida uma função automática de religamento do motor, que é acionada assim que o piloto pressiona o pedal da embreagem após uma parada acidental do motor (stall). Além disso, uma nova função estroboscópica nas luzes de freio agora alerta os carros que vêm atrás, especialmente durante a fase de largada. Essa solução substitui o uso anterior do pisca-alerta para essa finalidade de segurança.
Freios: desempenho aprimorado e maior durabilidade
O sistema de frenagem passou por uma atualização abrangente. O eixo dianteiro agora conta com discos de 380 milímetros de diâmetro, com espessura aumentada de 32 para 35 milímetros. Essa mudança permite canais de ventilação maiores para refrigeração interna, melhorando a dissipação de calor. O contexto dessa evolução está na realocação do radiador de água central para a parte traseira do porta-malas, o que possibilita direcionar o ar de resfriamento para os freios pela seção frontal central. Além disso, o diâmetro externo do chapéu do disco foi reduzido, aumentando a superfície de atrito entre o disco e a pastilha de freio. Isso resulta em desacelerações mais eficientes graças às pastilhas mais largas, maior durabilidade em provas de longa duração e uma vida útil significativamente ampliada para os componentes individuais.
O sistema de ABS de competição Bosch M5 passará a ser instalado de fábrica em todos os modelos 911 Cup. Ele conta com capacidades aprimoradas de processamento de dados para interpretar os sinais do novo sensor de aceleração, que oferece detecção adicional de sinais dinâmicos. O software avançado também pode alertar o piloto em caso de vazamento em um dos dois circuitos de freio. Além disso, o reservatório de fluido de freio foi ampliado, oferecendo ainda mais segurança para provas de longa duração.
Batentes de direção ajustados permitem que o sistema de direção com assistência eletrônica atinja um raio de giro mais fechado, facilitando as manobras em ruas urbanas estreitas. O aumento do ângulo de esterçamento também permite que os pilotos corrijam o sobreesterço do 911 com maior eficácia.
Cockpit: operação simplificada durante as corridas e nas paradas nos boxes
Sobre a direção, o volante multifuncional redesenhado — agora com acabamento de maior qualidade — combina um design mais atrativo com vantagens práticas. Por exemplo, seletores rotativos centrais permitem ajustar o nível de intervenção do ABS e do controle de tração. Os novos botões de controle retroiluminados em cores melhoram a legibilidade das respectivas indicações.
O painel de controle central ao lado do assento continua de fácil acesso e operação para o piloto, mesmo durante a corrida. Ele agora conta com oito botões físicos, em vez de dez. O botão localizado no canto inferior direito abre uma página de menu adicional no display, permitindo ajustar uma ampla variedade de parâmetros diretamente do interior do carro, como velocidade no pit lane, mapeamento do escapamento e reinicialização do ângulo de esterçamento. Isso elimina a necessidade de conectar um laptop e simplifica as operações para as equipes. Espumas adicionais aplicadas na parte interna da barra transversal da porta oferecem proteção extra para braços, pernas e pés do piloto.
Matthias Scholz, Diretor de Carros de Corrida GT, explica: “O novo 911 Cup se destaca pela atenção minuciosa aos detalhes dedicada ao seu desenvolvimento. Ele está mais potente, mais rápido e, ao mesmo tempo, mais prático. A durabilidade dos componentes permanece inalterada — e, em alguns casos, até ampliada — apesar do aumento de desempenho. Sempre que possível, os materiais foram substituídos por componentes com alta proporção de material reciclado. A operação no cockpit foi otimizada, e uma série de recursos eletrônicos adicionais permite uma aplicação mais ampla em diferentes formatos de competição.”
Eletrônica: funções adicionais práticas
A eletrônica aprimorada do novo 911 Cup também contribui para uma dirigibilidade superior. O TPMS (sistema de monitoramento da pressão dos pneus) agora exibe as temperaturas do ar dos pneus no display central do painel. Uma antena de GPS significativamente mais potente substitui o antigo sistema infravermelho, assumindo as funções de cronometragem de voltas e rastreamento de posição. Recursos consagrados do “irmão maior”, o 911 GT3 R, também foram integrados, incluindo a medição de tempo de volta durante passagens pelo pit lane e a função pre-kill, que desliga automaticamente o motor assim que o carro para nos boxes. Além disso, um novo sistema eletrônico de monitoramento da unidade de acionamento do extintor de incêndio agora verifica o nível de carga da bateria interna de nove volts.
No desenvolvimento do 911 Cup, a Porsche Motorsport contou mais uma vez com a parceria da Michelin para criar uma nova geração de pneus para o carro de competição monomarca. Os testes em condições reais foram realizados no circuito de Grande Prêmio de Monza, na Itália, no Lausitzring, em Brandemburgo, e na pista de testes do Centro de Desenvolvimento da Porsche, em Weissach. Ao volante estiveram três ex-integrantes do programa Porsche Junior — Bastian Buus, Laurin Heinrich e Klaus Bachler — acompanhados pelo experiente piloto Marco Seefried.
Fonte: Comunicação Porsche Brasil