Royal Enfield Scram 411 2023

Por Arnaldo Bittencourt (texto e fotos)

A Royal Enfield Scram 411 (“Scram 411”) foi apresentada no Brasil em maio deste ano, no Rio de Janeiro, conhecida por quem não é da cidade como a “cidade maravilhosa”.  O modelo é baseado na Royal Enfield Himalayan, que já roda no Brasil desde 2019. O quadro, o tanque e o motor são os mesmos. A versão que testei foi a “blazing black”, que vem com tanque preto fosco, decorado com faixas vermelhas e amarelas, a mesma combinação de cores encontrada nos letreiros das concessionárias da marca.

CONFIRA O VÍDEO: https://youtu.be/jD8FypHn2KE

Quando saí da concessionária para iniciar o teste, o hodômetro marcava 680km apenas! Moto zerada, praticamente!Graças ao seu visual retrô, o modelo chama bastante atenção na rua. As pessoas que se interessaram pela moto e vieram me consultar sobre o modelo se surpreenderam com o preço: menos de R$25 mil! É isso aí, bom custo-benefício, a Royal não está para brincadeiras no aquecido mercado brasileiro das duas rodas.  Considerando estilo, cilindrada e preço, arrisco dizer que hoje não há concorrência para a Scram 411.

O nome “SCRAM” vem de um estilo de moto chamado “scrambler”. Uma moto “scrambler”, resumidamente, é uma moto com visual retrô preparada para ser usada no “offroad”. O motor que equipa a Scram 411 é o mesmo da Himalayan. Denominado LS-410, o motor SOHC monocilíndrico arrefecido a ar da Scram dispõe de 411cc, entregando uma potência máxima de 24,63cv a 6.500 rpm. O torque máximo é de 32 Nm a 4.500 rpm. Durante o teste percebi que o propulsor entrega um desempenho adequado e vibra pouco.

O câmbio da moto é de cinco velocidades e acionamento macio e preciso, dando conforto ao piloto no trânsito urbano. A transmissão da potência do motor para a roda é por corrente. No site da Royal consta que o peso “kerb” (em ordem de marcha, com alguns litros de combustível, mas sem passegeiros) é de 185kg. Considerando esses atributos, a Scram 411 consegue acelerar de 0-100 km/h em aproximadamente 12.7 segundos e a sua velocidade máxima é de 140km/h.

Não é uma moto para velocidade, se liguem nisso. Tanto é que, no manual da moto, há recomendação de não ultrapassar 110km/h. É claro que a Scram anda mais do que isso, mas não é a praia dela, definitivamente. A ausência de proteções aerodinâmicas e a posição de pilotagem não favorecem a utilização da moto em velocidades elevadas. A cidade é o terreno favorito desse modelo… Com suspensões de curso longo, buracos e lombadas são vencidos com muita facilidade.

As marchas da Scram 411, principalmente as primeiras (1ª e 2ª) e a última (5ª), são beeeeeeem longas… Assim, quando o bicho pega no trânsito, a Scram não exige trocas frequentes de marcha, aumentando o conforto na pilotagem.  Quer andar de 1ª marcha? Vamos lá, ela não vai pedir a 2ª marcha logo de cara. Dá para andar no “corredor” tranquilamente de 1ª marcha, sem forçar.

Estava andando de 3ª ou de 2ª marcha e o trânsito de obrigou a frear? Tudo bem, torce um pouco o punho direito que a Scram responde sem passar a sensação de “motor fraco”, sendo “arrastado”. A moto vai responder em baixa, mesmo estando de 3ª marcha. O escalonamento do câmbio da Scram é muito legal no uso urbano, a Royal mandou muito bem nesse quesito.

Destaco também outra característica da moto que a torna uma ótima companheira na cidade: banco em dois andares, com espuma macia… O piloto e o passageiro não precisam brigar por espaço, um não vai ficar empurrando o outro toda hora. A posição de pilotagem é elevada e ereta, facilitando a visibilidade no trânsito pesado. Me senti em uma moto “trail”, mas com guidom curto (o que é top na cidade).

Por falar em guidom, aí vai outra característica que favorece o uso urbano: guidom elevado e curto, não bate nos retrovisores dos carros. Os retrovisores da Scram 411 são de qualidade, não vibram e não saem da posição. Mais uma estrelinha para a Royal… Retrovisor ruim é muito chato, incomoda muito. Com um tanque de 15.5 litros de capacidade, o consumo da Scram 411 gira em torno de 25-28 km/l. Isso proporciona uma autonomia de aproximadamente 350-400 km com um tanque de combustível.

A moto vem equipada com rodas raiadas aro 19” na dianteira e aro 17” na traseira, projetadas para a máxima performance em qualquer terreno. As suspensões possuem uma calibragem muito boa, absorvendo bem os buracos sem ser molenga no asfalto liso. A dianteira conta com um garfo telescópico com curso de 190mm. Já na traseira a moto usa o tradicional sistema monoshock tipo inkage (pro-link), com 180mm de curso, garantindo conforto e segurança para o piloto e eventual garupa.

O sistema de freios é assinado pela “BYBRE”, marca do Grupo Brembo. Equipado com ABS na dianteira e na traseira, esse sistema proporciona mais segurança para o piloto. O disco dianteiro é do tipo flutuante, de 300mm de diâmetro. Já o traseiro tem 240mm de diâmetro. O conjunto funciona bem, para a moto com facilidade. O freio dianteiro não é borrachudo, respondendo de forma satisfatória aos comandos do piloto.

O painel de instrumentos da Scram 411 é redondo e compacto, acompanhando o estilo da moto. O velocímetro é analógico e marca até 160km/h. Apertando um botão à direita do guidom, é possível alternar entre TRIP A, TRIP B, HODOMETRO TOTAL e TRIP RESERVA (quando a moto entra na reserva). Há também no painel marcador de nível de combustível, relógio e luzes-espia (neutro, farol alto, ABS, “luz da injeção”, luz da bateria). A visualização é muito boa.

É possível agregar um relógio redondo menor, a ser fixado ao lado do painel principal. Esse relógio, denominado “Tripper Navigation” indica a direção a ser tomada, atuando como um GPS simplificado, do tipo “curva a curva”. A versão que testei não estava equipada com o acessório.   A chave é convencional, portanto nada de sistema keyless. Isso é esperado, considerando a faixa de mercado que a moto está situada.

Uma observação importante: usem suporte de placa nessa moto! Sem o suporte, a placa vai quebrar e cair na rua. Durante o teste, tive que comprar um suporte para fixar a melhor a placa da Scram, que estava pendurada por um parafuso, quase caindo. A vibração na rabeta é forte e a nossa placa é muito grande e de um alumínio muito fino. Com tempo quebra e cai na rua, se não for instalado um suporte para reforçar o conjunto.

Me diverti muito com a Scram 411 durante o teste, aproveitei cada momento com a moto. Graças ao bom torque do motor, a altura da moto e ao tamanho do guidão, a moto é muito ágil no trânsito urbano. É esguia, então manobra bem entre os carros e é bem leve nas manobras em locais apertados. Também não é exageradamente alta. Desnecessário mencionar que foi duro devolver a Scram 411 ao final do teste. Fiquei com vontade de comprar uma Scram 411 para mim.

*FICHA TÉCNICA:

MOTOR         1 cilindro, 411 cc

ALIMENTAÇÃO       Injeção eletrônica

REFRIGERAÇÃO   A ar

COMBUSTÍVEL       Gasolina

POTÊNCIA   24,3 cv a 6.500 rpm

TORQUE       32 Nm a 4.250 rpm

CONSUMO   Não definido

DIÂMETRO x CURSO       78 mm x 86 mm

CÂMBIO        Manual de 5 marchas

COMPRIMENTO     2.160 mm

LARGURA    840 mm

ALTURA        1.165 mm

ENTRE-EIXOS        1.455 mm

DISTÂNCIA DO SOLO       200 mm

ALTURA DO ASSENTO    795 mm

CHASSI        Tubular de berço duplo

PESO SEM COMBUSTÍVEL        185 kg

PESO EM ORDEM DE MARCHA           194 kg

TANQUE       15 litros

FREIOS         ABS

FREIO DIANTEIRO            Disco de 300 mm

FREIO TRASEIRO Disco de 240 mm

PNEU DIANTEIRO             100/90 – 19

PNEU TRASEIRO 120/90 – 17

SUSPENSÃO DIANTEIRA           Telescópica, 41 mm, de 190 mm de curso

SUSPENSÃO TRASEIRA            Mono shock de 180 mm

*Dados do fabricante

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