Por Marcus Lauria (texto e fotos)
O Volkswagen Tera é um dos projetos mais importantes da nova fase da marca no Brasil. Produzido em Taubaté (SP), o SUV compacto foi desenvolvido e desenhado localmente, dentro do plano de renovação que prevê 17 lançamentos até 2028. A história do Tera começou a ganhar força em 2024, quando foi apresentado em eventos como o Rock in Rio e o Carnaval do Rio de Janeiro, despertando grande curiosidade do público.
ASSISTA O VÍDEOCLIPE: https://youtu.be/60qpcfd3tKQ?si=d-Hy4R6RTWUAyQkL
Seu lançamento oficial ocorreu em junho de 2025, marcando a estreia de um modelo totalmente nacional em um segmento até então inédito para a Volkswagen do Brasil. Em pouco tempo, o carro tornou-se um sucesso comercial: nas primeiras 50 minutos de pré-venda, 12 mil unidades foram reservadas, resultando em faturamento superior a R$ 1,5 bilhão. Desde então, o Tera vem registrando bons números, com cerca de 17 mil unidades emplacadas até setembro de 2025, consolidando-se entre os SUVs mais vendidos do país.
A linha atual é formada por cinco versões: MPI 1.0, TSI MT, Comfort TSI AT, High TSI AT e a High com pacote especial Outfit The Town Edition. Essa última, que representa o topo da gama e foi a versão testada, agrega diferenciais visuais e de acabamento. O pacote inclui rodas de liga leve escurecidas de 17 polegadas, teto e retrovisores pintados na cor Preto Ninja, bancos com revestimento premium com o nome da edição e emblemas exclusivos do festival The Town nas colunas C.
Essa combinação dá ao modelo uma aparência mais refinada e esportiva, sem alterar sua proposta urbana e funcional. As demais versões seguem a mesma base estrutural, com diferenças nos motores, câmbio e equipamentos. A versão MPI, de entrada, é equipada com motor 1.0 aspirado e câmbio manual de cinco marchas e foi lançada em lote limitado por R$ 99.990. As intermediárias TSI MT e Comfort TSI AT já trazem o motor turbo 1.0 de 116 cv, com opção de câmbio manual ou automático, enquanto a Highline custa R$ 139.990, chegando a R$ 142.990 na configuração com o pacote Outfit The Town Edition.
O design do Tera segue a linha visual mais recente da Volkswagen e foi assinado pelo designer José Carlos Pavone. O modelo tem 4,15 metros de comprimento, 1,78 de largura e 2,57 metros de entre-eixos. As proporções equilibradas e o capô elevado dão ao SUV uma presença sólida. Todas as versões trazem faróis e lanternas em LED, sendo os dianteiros full LED de série.
A traseira é marcada pelas lanternas com assinatura visual moderna e efeito click-clack. Na versão The Town, o conjunto de elementos escurecidos reforça o contraste com as novas cores metálicas, destacando-se especialmente o Azul Ártico (cor da versão avaliada) e o Preto Ninja. A Volkswagen introduziu ainda pequenos detalhes escondidos, os chamados “Easter Eggs”, que remetem a ícones da marca como Fusca e Gol e reforçam o caráter mais emocional do projeto.
Por dentro, o Tera apresenta uma cabine bem organizada e com acabamento condizente com sua faixa de preço. A versão Highline traz painel digital de 10,25 polegadas, multimídia VW Play Connect com tela de 10,1 polegadas, espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay e carregador de celular por indução. O sistema de climatização é o Climatronic Touch, de operação totalmente digital. O pacote Outfit adiciona bancos revestidos em material premium e detalhes escurecidos no painel. O espaço interno é bom para quatro adultos, com boa amplitude nos bancos dianteiros e traseiros, e o porta-malas oferece 350 litros de capacidade, número competitivo dentro da categoria. A posição de dirigir é elevada, típica dos SUVs compactos, com boa ergonomia e ajuste de altura e profundidade da direção.
A lista de equipamentos é um dos pontos fortes do Tera. Todas as versões vêm com seis airbags, controle de estabilidade e tração, bloqueio eletrônico de diferencial, frenagem autônoma de emergência, detector de fadiga e controle de pressão dos pneus. Nas configurações mais completas, o modelo adiciona controle de cruzeiro adaptativo, assistente de permanência em faixa, detector de ponto cego e câmera multifuncional.
O pacote ADAS completo está disponível na versão Highline, podendo ser adquirido por aproximadamente R$ 2.800. O sistema de acesso sem chave e partida por botão, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e câmera de ré também estão presentes nas versões superiores. Em conectividade, o Tera é o primeiro modelo da marca a contar com o Otto, assistente virtual com inteligência artificial desenvolvido pela Volkswagen no Brasil. Ele se integra ao aplicativo Meu VW 2.0 e ao VW Play Connect, permitindo acesso a dados do veículo, autonomia, agendamentos de manutenção e comandos de voz personalizados. Essa tecnologia estará disponível inicialmente nas versões Comfort e High, e como opcional nas TSI manuais, mediante ativação do pacote de conexão no momento da compra.
O Tera chega ao mercado em seis cores: Preto Ninja e Branco Cristal (sólidas), Cinza Platinum, Vermelho Hypernova, Prata Lunar e Azul Ártico (metálicas). Dentre elas, o Azul Ártico e o Preto Ninja não possuem custo adicional, enquanto as demais metálicas têm acréscimo em torno de R$ 1.500.
Entre os principais concorrentes diretos estão o Fiat Pulse, que na versão Audace 1.0 Turbo Automático parte de R$ 135.990; o Renault Kardian Techno TCe, vendido por cerca de R$ 134.990; e o Citroën Basalt Shine Turbo, que custa R$ 136.990. O Tera, portanto, posiciona-se de forma equilibrada, oferecendo mais tecnologia que o Renault e acabamento superior ao Fiat em algumas áreas, mantendo preços próximos aos rivais.
Desde o lançamento, o SUV vem apresentando desempenho expressivo de vendas, sendo o mais vendido do Brasil em setembro de 2025, com mais de 17 mil unidades emplacadas até o fechamento do trimestre. As versões automáticas representam a maior parte desse volume, enquanto a MPI aspirada teve pouca procura após o lote inicial.
Sob o capô, o Tera oferece dois conjuntos mecânicos. O primeiro é o 1.0 MPI aspirado de 84 cv com etanol, acoplado ao câmbio manual de cinco marchas. O segundo é o conhecido 1.0 170 TSI de três cilindros, com injeção direta e turbocompressor, que rende 116 cv e 16,8 kgfm de torque com etanol, também associado à caixa manual de cinco marchas ou à transmissão automática de seis velocidades com conversor de torque.
A suspensão dianteira é McPherson e a traseira, por eixo de torção, solução comum em SUVs compactos e suficiente para equilibrar conforto e estabilidade. A direção elétrica tem assistência bem dosada, facilitando manobras em baixa velocidade e mantendo precisão adequada em estrada. Os freios usam discos ventilados na dianteira e tambores na traseira.
O consumo é um dos pontos de destaque. A versão TSI automática, a mais vendida, faz cerca de 8,6 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada com etanol, ou 12,2 e 14,5 km/l, respectivamente, com gasolina. O desempenho é coerente com o porte do veículo, alcançando 0 a 100 km/h em aproximadamente 11,7 segundos. Na prática, o motor 1.0 turbo entrega bom torque desde baixas rotações e se mostra suficiente para deslocamentos urbanos e viagens curtas, mesmo com o carro carregado.
O câmbio automático de seis marchas trabalha de forma suave e previsível, sem trancos e com trocas bem calibradas. No modo manual, as respostas são rápidas e permitem aproveitar melhor o torque do motor. O conjunto favorece a condução leve no trânsito urbano, e em rodovias mantém o giro baixo em velocidades de cruzeiro, o que contribui para o consumo mais contido e menor ruído interno.
As impressões ao dirigir revelam um carro bem ajustado ao uso diário. Em cidade, a suspensão filtra bem as irregularidades, e o diâmetro de giro reduzido facilita o estacionamento. A visibilidade é boa e a posição de dirigir transmite segurança. Na estrada, o Tera mostra comportamento estável, mesmo em curvas mais longas, e passa confiança em ultrapassagens.
O isolamento acústico é satisfatório, com ruído de rodagem e vento discretos até cerca de 120 km/h. O conjunto de freios atua com firmeza e o pedal tem boa modulação. A calibragem da suspensão, um pouco mais firme que a de alguns concorrentes, privilegia o controle de carroceria em trechos sinuosos, sem comprometer o conforto dos ocupantes.
Em conclusão, o Volkswagen Tera Highline com pacote Outfit The Town Edition representa um avanço importante na linha nacional da Volkswagen. É um SUV compacto moderno, tecnicamente bem resolvido e com boa relação entre conteúdo e preço. A proposta de ser um carro conectado e tecnológico se concretiza com o sistema VW Play Connect e a estreia da inteligência artificial Otto, inédita no segmento.
As versões automáticas com motor 1.0 turbo atendem bem à maioria dos perfis de consumidores, entregando desempenho equilibrado e consumo adequado. O acabamento interno, o pacote de segurança completo e o bom comportamento dinâmico posicionam o Tera como uma das opções mais completas entre os SUVs compactos vendidos no Brasil em 2025.
*FICHA TÉCNICA:
Motorização
Motor 1.0
Câmbio Automático
automática com modo manual de 6 marchas
Combustível Álcool e Gasolina
Direção elétrica
Tração dianteira
Performance
Potência (cv) Gasolina: 109
Álcool: 116
Tempo 0-100km/h (segundos) Gasolina: N/D
Álcool: 11.7
Torque (kgf.m) Gasolina: 16.8
Álcool: 16.8
Velocidade max. (km/h) Gasolina: 180
Álcool: 184
Dimensões
Altura (mm) 1504
Tanque (L) 49
Largura (mm) 1777
Porta-malas (L) 350
Comprimento (mm) 4151
Entre-eixos (mm) 2566
Peso (kg) 1169
Ocupantes 5
Freios e Suspensão
Suspensão dianteira
Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.
Suspensão traseira
Suspensão tipo eixo de torção, roda tipo semi-independente e molas helicoidal.
*Dados do fabricante































