Tapetes e recalls à parte o Toyota Corolla 2.0 Altis, cedido pela montadora para avaliação do CarPoint News surpreendeu em todos os sentidos. Nunca tinha avaliado nenhum Corolla da nova geração, só os anteriores, com motor 1.8 VVTi. Por fora, seu desenho, renovado no final de 2008 não agrada a todos, uns acham que ele tem “cara de tiozão” e outros já gostam, achando até moderno demais. Divergências à parte, o Corolla Altis chama a atenção pelo conjunto. Os pontos positivos são o conforto, dirigibilidade e o excelente motor, já os “pecados” ficam por conta do design, consumo e preço alto, principalmente para o modelo testado, que vinha com todos os opcionais disponíveis na concessionária. Ao buscar o carro em uma concessionária da Barra, o modelo chamou minha atenção pela cor, um bege aurora metálico. Peguei a chave, entregue pelo chefe de oficina da loja e ao entrar no Corolla Altis pude perceber por que o carro é o mais vendido de sua categoria, o interior é aconchegante, com bancos em couro bege, que combinam com o tablier e os painéis das portas, que são do mesmo tom, deixando o ambiente interno mais agradável. Achar a posição de dirigir é fácil, o banco elétrico e o volante regulável ajudam bastante nesse quesito, facilitando a vida a bordo. Após acertar os espelhos, o banco e a posição do volante engatei o “D” (Drive) do câmbio automático e sai da concessionária com muita tranqüilidade.
O Corolla Altis é bem previsível e não apresenta surpresa, o volante pequeno e revestido em couro casa bem com a direção elétrica. Com o tempo vou me acostumando aos comandos do rádio (que também podem ser controlados pelo volante). O ar-condicionado digital deixa o ambiente interno aconchegante, ainda mais com o calor do Rio de Janeiro. O Corolla é cheio de porta-trecos espalhados pelo interior, são encontrados no console central, nas laterais das portas além do amplo porta-luvas, que é divido em duas partes. Detalhes que lembram carros de categorias maiores, como acabamento em madeira e cromados fazem parte do visual interno do veículo. Alguns mimos como um botão que ativa o lavador dos faróis e um outro que recolhe os retrovisores externos para evitar danos quando o carro está em um estacionamento, fazem parte do pacote de itens de série dessa versão topo de linha. Uma das pouquíssimas críticas do carro fica por conta de um detalhe bem chato, a todo momento aparecia no painel de instrumentos, um aviso que a tampa de combustível estava aberta, mas sempre fechava e o aviso não sumia.
Mudando um pouco para a parte que mais interessa, o desempenho do novo motor 2.0 litros, fabricado no Japão. Maior e mais moderno o propulsor usa o inédito sistema de duplo comando de válvulas com abertura variável (Dual VVT-i), em vez do comando simples do propulsor 1,8 litro, o chamado VVT-i. O funcionamento é simples e têm abertura “inteligente” as válvulas de admissão e também as de escape da câmara de combustão, enquanto no antigo o mecanismo está presente apenas na admissão. Sua potência de 153 cv, com etanol e 142 cv com gasolina são bem distribuídas, a potência máxima é alcançada aos 5.800/5.600 rpm respectivamente. O motor 2.0 rende 20,7 kgfm de torque máximo, já aos 4.000 giros. Além do novo motor, mais revigorado e bem equilibrado, que traz tranqüilidade ao motorista, tanto em um trânsito mais pesado, quanto em uma estrada, o motor está associado ao novo câmbio Shfitronic, de quatro velocidades, de série nesse modelo (e também na versão XEi) se mostrando bem equilibrado, com poucas reduções, mas mesmo assim seu consumo foi alto, a média do computador de bordo do Corolla testado foi de 5,3 e 5,7 km/l, sempre com o ar-condicionado ligado e com o câmbio em Drive. Apesar da opção sequencial do câmbio automático, cujas trocas podem ser feitas na alavanca do console ou em borboletas atrás do volante, o recurso não foi usado, pois preferi continuar com as trocas automáticas, que são mais cômodas para se locomover no caótico trânsito carioca. Outra característica que deixa o carro à frente da concorrência é o comportamento da suspensão, que além de macia é firme, principalmente nas curvas mais fechadas, feitas em velocidade mais elevada. A suspensão usa o recurso do eixo de torção na traseira transmitindo conforto aos ocupantes e deixando quase imperceptível as irregularidades do asfalto lunar da cidade maravilhosa e as “lombadas”.

